domingo, 19 de dezembro de 2010

Sinto saudades...


Sinto saudades de rir com teu sorriso
de prender tua atenção
de ouvir teus elogios
de crescer com tuas críticas sempre tão desconcertantes
de ver teus olhos apaixonados...

Sinto saudades de ver-te com tanta naturalidade descomplicar a vida
e com tanta intensidade me ensinar a vivê-la com simplicidade, verdade e disciplina. 

Sinto saudades do teu jeito desajeitado de comer, de cortar o queijo, de arrumar a roupa...
Sinto saudades do barulho que fazias quando comias "cream cracker"
Sinto saudades de fazer cafuné nos poucos cabelos que te restavam
Sinto saudades de ver teu aparelho de barbear no banheiro,
de tirar o teu sapato, 
de vê-lo olhar as horas no pulso direito, como eu

Sinto saudades de tua capacidade de me alinhar, ordenar, 
e também de me "enlouquecer" e me ensinar a ver a vida por ângulos muito mais atraentes...

Sinto saudades de adormecer no teu peito quando sinto medo
Sinto saudades de saber que tenho teu peito para recorrer...

Sinto saudades, como sinto saudades, de ouvi-lo falar da vida,
de família, da novela, de qualquer assunto!
Sinto saudades da tua vitalidade, da tua certeza de vitória,
da tua persistência, coragem, e de teu jeito tão humorado de viver a vida e seus desafios!

Sinto saudades de tua inteligência, de tua dedicação, tua disciplina,
teus inúmeros valores que sempre expressavas com tua vida...

Sinto saudades de tua pequenez, de tua prontidão ao aprendizado,
de tua sede por conhecimento, por novidade, por crescimento...

Sinto saudades de tua capacidade de extrair flores mesmo no deserto,
de nos ensinar a enxergar o sol por trás das nuvens de chuva...

Sinto saudades de vê-lo chorar diante dos momentos alegres que te deixavam sem palavras,
ou mesmo diante daqueles que te vias limitado e sem saber o que fazer... 

Sinto saudades de teu coração apaixonado pela vida, pelas pessoas,
que sabia se alegrar e sofrer com o outro.

Sinto saudades de te comprar presente, 
de te escrever cartinhas,
de te dar lenço...
Sinto saudades do teu amor... de vivenciar o nosso amor...

Não preciso torná-lo inesquecível...
Tuas marcas são tão fortes em mim...
Há horas que eu nem sei o que de mim é meu, e o que herdei de você...

Sinto saudades de ver-me em ti... 
e de vê-lo reconhecendo-se em mim...

És eterno... em mim...

   

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Perto estás se dentro estás"


   Distância é um negócio interessante...
  Alguns que parecem estar próximos a nós, muitas vezes se apresentam tão distantes. Estão junto a nós, participando de nossos dias, mas não nos olham nos olhos, não conhecem nosso gosto, não estranham nosso olhar se ele estiver triste, não percebem nossas mudanças, não acompanham nossas dores, não celebram nossas vitórias. Estão perto, mas longe ao mesmo tempo. Nos vêem sempre, mas não nos encontram, não conhecem quem somos, não sabem quem queremos ser...

  Por outro lado alguns que geograficamente estão longe, ou que não conseguimos ver sempre, apresentam-se tão presentes! Acompanham nossa trajetória, celebram nossas conquistas, partilham conosco a arte de viver.

  Graças a Deus tenho grandes amigos, e todos muito presentes. Alguns até estão distantes geograficamente, ou não consigo falar constantemente, mas quando caem as lágrimas ou quando chegam as conquistas, são logo lembrados e convocados, porque estão perto, mesmo estando longe!

  Existem coisas que o amor e uma verdadeira amizade desconhecem... e acredito que a distância seja uma delas.
  Penso que quando dois corações de fato estão unidos, não há o que possa separá-los. A união de almas, vidas, pensamentos, histórias,... simplifica e extermina qualquer distância.
  É claro... a distância dói, faz sofrer aqueles que se amam, mas ela não é capaz de separá-los.
  O amor nos capacita ultrapassar qualquer obstáculo! O amor pode tudo porque ele é tudo!
  Quando o amor está presente não importa o tempo que se passa junto, porque cada pequeno minuto é vivido de forma tão verdadeira, tão concreta, que ainda que não se passe horas conversando... sempre que se encontra, muito se diz...

  Me recordo quando eu morava em Fortaleza... Não conseguia quase falar com meus amigos, mas foi quando eu percebi quão forte era o laço que nos unia! Quantas coisas eu vivi que lembrava deles... quantos momentos que eu queria que eles presenciassem... e até risos que eu dei só de pensar neles... Ao reencontrá-los pude perceber em seus olhos que os inúmeros momentos que eu os quis perto, eles também quiseram minha presença, e ainda que estivéssemos longe, o simples fato de desejarmos a companhia um do outro, nutriu nossa amizade, e fez com que, misteriosamente, permanecêssemos perto, estivéssemos presentes, ainda que no pensamento e no desejo do coração...

  Hoje eu queria de forma especial agradecer aos meus amigos... tão presentes! 
  Amigos de Belém... com os quais tenho a alegria de partilhar do mesmo clima, da mesma chuva, do mesmo céu, e de inúmeros momentos maravilhosos.
  Amigos de outras cidades e até de outros países, que através do laço forte que nos une desafiam comigo o tempo, o fuso horário, as horas que nos separam... e fazem-se presentes nos melhores e mais importantes momentos de minha vida!
  A todos vocês que estão sempre perto de mim, acolhendo quem eu sou, impulsionando-me a ser melhor, construindo comigo a minha história, tornando tudo mais azul!

  "Perto estás se dentro estás..."
  Vocês estão dentro, por isso estão sempre perto... sentindo, sorrindo, chorando, celebrando, e tornando minha vida mais viva!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

É Renascer outra vez...


Outubro chegou... e com ele muitas lembranças. Não é um momento nostálgico, e sim de saudade. Sim, porque saudade nos faz recordar com alegria de algo que vivemos.
Hoje me lembrei do Renascer, retiro organizado pela Casa da Juventude Comunidade Católica, mais conhecida por CAJU.
Meu primeiro Renascer foi na verdade um Renascerzinho, para os “pequenos”. Eu tinha apenas 13 anos. Depois tive a graça de ir ao Renascer em 1997 e em 1999, e posteriormente Deus me deu a alegria de ir a esse retiro servindo.
Quanta coisa vivida, aprendida, deixada de lado...

O Renascer me ajudou em tantas coisas:
Fez-me perder o medo de falar, de me expor, de partilhar minha vida.
Presenteou-me amigos-irmãos maravilhosos, fazendo-me provar de verdadeira e pura amizade.
Despertou-me para o amor gratuito, livre, sem exigências.
Mostrou-me o valor de “ser criança”, de depositar a vida nas mãos do Pai, e de deixá-Lo cuidar de tudo...
Ensinou-me a deixar o orgulho de lado e a chorar livremente, feito criança.
Despertou em mim o desejo de amar minha família com atos concretos, fazendo-me compreender que amar não é um sentimento, é decisão!
Fez-me pedir perdão aos meus pais pela primeira vez, e intensificar os “Eu te amo”.
E o mais importante... deu sentido a minha história, às minhas dores, alegrias, e fez-me ter uma experiência concreta com o Sentido maior de minha vida: DEUS!
Fez-me conhecê-Lo, amá-Lo, e me fez querer segui-Lo para sempre, porque encontrei Nele um amor que ultrapassa toda e qualquer experiência vivida anteriormente.

No Renascer eu morri para tantas coisas e nasci novamente para tantas outras!
Renasci para o amor, para a bondade, para o perdão, para a felicidade!!!
Renasceu em mim coisas que as dores da vida me fizeram abrir mão, e outras que eu nem sabia que estavam adormecidas dentro de mim.
Através do Renascer, e de tantos momentos na CAJU, eu pude aprender inúmeras coisas, e a maior delas, que é sempre tempo de largar o que não me conduz a felicidade, e de deixar Deus Renascer em mim outra vez, outra vez, outra vez...

PS: Se você quiser viver essa experiência, as inscrições para o Renascer 2010 estão abertas! 21 anos fazendo história e ajudando inúmeras pessoas a construírem sua história e a encontrarem o Sentido de suas vidas. http://www.comunidadecaju.com.br/index.php/noticias/224-renascer2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Retiraste de mim...



Retiraste de mim tantos ramos
Tantas coisas que eu julgava precisar
Mas aos poucos pude compreender:
A mão que me feria, era também a que me acolhia
Tua mão.. meu Deus... a me curar.

Feriste-me Senhor, uma ferida de amor.


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Onde estás?


 Hoje senti saudades de você...

Saudades do toque de sua mão
Saudades do gosto que eu nunca senti
Saudades do meu olhar no teu...

Sinto falta de passear contigo
de deixar nosso cotidiano virar prosa
de brincar e sorrir até doer a barriga...

Saudades de olhar-te
beijar-te
e amar-te!

Onde está o teu olhar?
Onde andam os pés que me farão voar?

Onde estás?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O que tem sido "normal" para você??

Há poucos dias estive em São Paulo, e presenciei uma cena que me marcou:
Estava com alguns amigos no carro, quando um deles (Tiago) viu do outro lado da rua um mendigo dormindo no chão, interrompeu a conversa e disse com a voz triste: "Poxa, que pena isso hein!" - referindo-se a condição do mendigo.
Me marcou primeiro por que aquela cena aparentemente "comum" despertava a atenção do Tiago e o incomodava. Claro, todos nós nos incomodamos com essas cenas de miséria, mas ele de longe enxergou aquele homem do outro lado da avenida, parou a conversa, e comentou sobre a tristeza de tais cenas. Naquele momento o Tiago não viu um mendigo, simplesmente. Viu um homem, como ele, que merece dignidade. Apenas ele prestou atenção naquele homem, se incomodou, comentou, e não apenas passou por lá tratando aquilo como algo normal. 

Como aquilo me engrandeceu!!!
Tantas vezes nos acostumamos com certas coisas que não poderiam tornar-se "comuns" para nós. 
Não pode ser "normal" estarmos comendo num restaurante caro quando na porta dele tem um homem catando alimento no lixo; agindo, infelizmente, como os animais... 
Não podemos nos acostumar com certas cenas, certas "verdades". Penso que elas precisam nos inquietar!
Me preocupa o que vamos tratando como coisas "normais".
"É normal" ver gente sem um mínimo de dignidade nas ruas, dormindo cobertos por um jornal num frio lascado, catando lixo, comendo nossos restos, adoecendo e morrendo por aí...

Naquele instante recordei uma história que li no livro “Qual é a tua obra?”, de Mário Sérgio Cortella. 
O autor narra a visita de dois caciques Xavantes a São Paulo em 1974. Na época os xavantes não utilizavam dinheiro ainda na tribo, a “moeda” de valor deles era alimento.

Nós os levamos também a um lugar magnífico, o Mercado Municipal, na área central. E no Mercado Municipal é comida para todo o lado. Eles deram dois passos e ficaram pasmos. Pilhas de alface, de tomates, de cenoura, de laranja. Ficaram com o olhar talvez como o nosso olhar ficaria se entrássemos no cofre de um banco. Em certo momento, um deles viu uma coisa que nenhum e nenhuma de nós veria. Ele cutucou e perguntou: “O que ele está fazendo?” E apontou no chão um menino negro, pobre (a gente sabia que era pobre por causa da roupa, ele não saberia) pegando alface pisada, tomate estragado, batata já moída e colocando num saquinho. Nenhum e nenhuma de nós veria aquilo, pois para nós era normal. Normal? Cuidado com o conceito de normal.

Nós falamos: “Ué, ele está pegando comida”. O cacique não disse mais nada. Ele continuou andando conosco, mas não prestou atenção em mais nada. Depois de uns 15 minutos, ele falou:
- Eu não entendi. Por que ele está pegando essa comida estragada aqui no chão, se tem essa pilha de comida boa?
- É que para pegar comida dessa pilha aqui precisa de dinheiro.
- E ele não tem dinheiro?
- Não tem.
- Por que não tem dinheiro? – indagava o cacique.
No que ele está cutucando? Na nossa base ética, no nosso valor de vida. A gente acha que uma criança com fome, mesmo diante de uma pilha de comida boa, pode comer comida estragada. Porque a vida é assim. É normal.
- Ele não tem dinheiro porque ele é criança.
- E o pai dele tem?
- Não, o pai dele não tem.
- Não entendi. Por que você, que é grande, tem e o pai dele, que é grande, não tem? De qual pilha você come, dessa daqui ou a do chão?
- Dessa daqui.
- Por quê?
A única resposta possível para o cacique naquele momento foi a resposta que algumas pessoas que já desistiram dão: “Sabe o que é? É que aqui é assim“…
Os dois índios, diante da resposta, falaram uma coisa de que eu nunca mais esqueci. “Vamos embora.” Não é que eles pediram para ir embora do mercado, eles pediram para ir embora de São Paulo. Veja como eles são “selvagens”. 

Acredito que são essas pequenas coisas que vamos tratando como "comuns" que vão roubando tantos valores de nossa vida.
Vamos perdendo o senso crítico, vamos acolhendo qualquer coisa, nos conformando facilmente com a injustiça, com a miséria, com a traição, com a falta de perdão, com o ódio...
Aos poucos vamos nos conformando ao que é TOTALMENTE contrário a essência do homem: a bondade, o amor, para o qual nascemos.
Precisamos nos questionar a cerca do que estamos acolhendo como "normal".
Precisamos deixar nosso coração lançar um olhar crítico sobre tantas injustiças e incoerências de nosso dia a dia. Não podemos viver de qualquer forma. Não somos quaisquer pessoas!
A felicidade é para mim, para você, e também para aquele que agora está na rua totalmente abandonado.

Chega de dizer que isso é problema apenas dos políticos!
Isso é problema meu também!
O que podemos fazer?
Também não tenho a receita... mas acredito que devemos lançar um olhar de amor, e movidos pelo amor certamente encontraremos uma forma de fazer a diferença, conforme nossas possibilidades... 

Tem aquela história "boba", antiga: Talvez o que esteja sobrando em minha casa, esteja faltando em algum lugar.
Talvez um bom primeiro passo seja ir ao encontro desses, dar um simples agasalho, e dar também nosso olhar, nosso sorriso, nosso abraço, nossa atenção.

"Seja a diferença que você deseja ver"

sábado, 7 de agosto de 2010

Como eu amaria dançar com meu Pai novamente!

"If I could get another chance
Another walk, another dance with him
I’d play a song that would never, ever end
How I’d love, love, love to dance with my father again"
Às vésperas do Dia dos Pais é impossível não recordar tantas coisas que vivi com meu pai...
Meu pai era muito espontâneo e intenso. 
Lembro das inúmeras vezes que ele me encontrava e beijava todo o meu rosto sem parar... me cobrindo da certeza de que ele estava com saudades!
Lembro do seu choro compulsivo várias vezes em que o presenteei com cartas, ou surpresinhas, em dias "comuns".
Lembro do seu olhar quando eu fazia algo bom, conquistava algo, ou mesmo quando dava uma idéia que ele achava "brilhante". Seu olhar de admiração, de orgulho, de felicidade fazia com que eu me sentisse realmente importante.
Lembro também das brigas, dos momentos que com firmeza ele me corrigia e me questionava sobre quem eu estava sendo e o que eu estava fazendo com minha vida.
Mas algo em especial eu lembro hoje.... do quanto ele gostava de dançar!
Quando eu era adolescente sentia até vergonha porque ele insistia em dançar comigo, e ficava envergonhada de dançar "com meu pai" numa festa. Parecia que todo mundo estava me olhando. A gente se importa com cada bobagem quando é adolescente!!Sem dúvida ele era o homem mais interessante com quem naquelas festas eu deveria dançar... Mas eu não sabia disso...
Algumas vezes tinha vergonha da forma intensa como ele me beijava na frente dos meus amigos, me abraçava sem parar, ficava me elogiando, e me chamava para dançar toda hora. 

Graças a Deus o tempo passou... fui crescendo e a vergonha foi passando, e muuuuuitas vezes eu pude dançar com aquele homem, que me olhava como ninguém nunca me olhou, que me acolhia em seus braços como ninguém nunca me acolheu, que sorria um riso tão bonito, e que me deixava na cadeira ao término da dança com um ar de homem mais satisfeito do mundo!
Meu pai tinha uma capacidade incrível de fazer com que eu me sentisse a pessoa mais importante e amada do mundo!
Há alguns anos perdi o meu pai, mas graças a Deus eu pude viver tudo com ele antes dele falecer. 
Brigamos, fizemos as pases, choramos, sorrimos, cantamos, brincamos bastante (de lobo mau, e tantas coisas mais), cantamos, rezamos, perdoamo-nos, amamo-nos e construímos em meio a dores e alegrias uma história de amor muito bonita, a meu ver.

Hoje, se eu pudesse pedir algo a Deus, pediria que eu dançasse com ele só mais uma vez.
Dessa vez eu quem iria tirar um homem para dançar pela primeira vez. Queria poder ir devagar ao seu encontro, com um sorriso apaixonado, e convidá-lo para dançar comigo.
Não precisaríamos de música alguma... Nosso coração certamente nos embalaria, meus pés não cansariam, e eu sentiria muito orgulho em dançar com o homem mais lindo da festa!

Infelizmente hoje isso não é mais possível... Que pena! Eu nunca tirei meu pai para dançar, nem nunca sorri e pulei da cadeira dizendo: "Claro papai, eu adoraria dançar com você!", mas consola-me saber que de muitas formas expressamos nosso amor.
A última noite que eu vi o meu pai ele estava doente, deitado na sala de casa porque não conseguia achar posição no quarto, e ele dormiu no meu colo. Naquele dia, vendo aquele homem que era tão essencial para mim naquela condição ali no meu colo, tão frágil, tão dono de si e tão meu ao mesmo tempo, o envolvi com meus braços e graças a Deus não pensei duas vezes e segui meu coração: cantei para ele dormir "Como é grande o meu amor por você". De fato eu tinha tanto a falar, mas com palavras era impossível dizer...
Eu jamais imaginaria que aquela seria nossa última noite juntos. Deus foi tão generoso que concluiu nossa história de amor com um belo final, muito mais do que eu merecia.

Com meu pai aprendi inúmeras coisas, mas gostaria de destacar algo:  
"O amor é agora, é urgente, não deve esperar o amanhã"
Não devemos sentir vergonha nem medo do amor. 
Quão belo é ser livre para correr ao encontro de quem amamos e dar um abraço, dizer "Eu te amo", expressar esse amor no dia a dia, sair para trabalhar e dizer a nossa mãe que não seríamos os mesmos sem ela, dar uma flor num dia qualquer, etc.
A você que porventura venha ler essa partilha, se é que eu posso sugerir algo, eu sugiro que você ame hoje, abrace hoje, e "dance" hoje de olhos fechados com as pessoas que de fato são importantes em sua vida, sobretudo nesse domingo, dia dos Pais.
Sorria, beije, abrace, cante, relembre histórias, brinque, seja feliz com seu pai nesse domingo!
Não apenas veja o seu pai. Faça desse momento um ENCONTRO de verdade.
Não perca tempo! Nada é mais importante na vida do que o amor.
Sei que para muitos o dia dos pais, das mães, etc., são apenas dias comerciais. Não importa! Aproveitemos essas "desculpas" para cuidar do que no dia a dia pode não estar sendo cuidado com a devida atenção.

Ao meu pai, meu herói, meu amigo, meu amado e até meu filho:
Minha eterna gratidão por teu amor, 
por tudo que me ensinaste com a tua forma tão intensa e concreta de amar, 
e por tudo que me fizeste desejar ser com teu olhar que sempre apostou em mim, 
muito mais do que eu mesma!
Ao recordar teu amor por mim, não é difícil entender que Deus, sendo Pai, é amor!
Amo-te eternamente!

 Tradução do trecho da música:
"Se eu pudesse ter outra chance
Outra caminhada, outra dança com ele
Eu tocaria uma canção que nunca, nunca iria acabar
Como eu amaria, amaria, amaria dançar com meu pai novamente"

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Halleluya - expressão do belo

Estava esta noite recordando a Carta do Papa João Paulo II aos artistas.
« O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração »
Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. De facto, deve tornar perceptível e até o mais fascinante possível o mundo do espírito, do invisível, de Deus. Por isso, tem de transpor para fórmulas significativas aquilo que, em si mesmo, é inefável.
(Trecho da carta)
 
Relendo essa carta, lembrei-me do evento Halleluya, como expressão tão clara desse belo, dessa arte que traz alegria, que revigora, que alcança os lugares mais íntimos do nosso coração.
Sem dúvida Deus é um grande mistério. O mistério do Seu amor, de quem Ele é, é algo impossível de expressar apenas com palavras... É algo para ser experimentado, e a arte é um grande instrumento para isso. Ela nos ajuda a mergulhar nesse mistério. A música, a dança, o conjunto de tudo isso, alcançam, com tanta naturalidade, lugares tão profundos de nosso ser. Aquele tom, aquele som, vai lá no coração silenciar nossos barulhos interiores, ou mesmo despertar os lugares adormecidos.

O Halleluya, para mim, é um dos meios onde podemos, de forma significativa, experimentar dessa beleza que traz vida, que não nos deixa cair no desespero.
Lá eu pude experimentar isso, e ficar ainda mais fascinada por Cristo!
Quão belas as músicas! Quão belo ver aquele povo na chuva louvando ao som do "Alto Louvor"!
Inesquecível ver aquelas pessoas ajoelhando ali no gramado, quando Jesus Eucarístico passava em nosso meio!
Quão caro o que eu senti, o que provei, naquelas missas, naqueles shows!
Como traduzir a alegria que eu vivi naquela noite, em que ajoelhada, sozinha, eu renovava ali a minha decisão de amar a Cristo, de dar a Ele a minha vida, de dar espaço para Ele ser tudo no nada que eu sou?

Recordo-me da primeira vez que fui a esse evento. Na época ele ainda era relizado no Parque do Cocó. Fui de carro com uns amigos, impulsionada certamente pelo próprio Deus (afinal, ficar 24 horas numa estrada não é coisa que se faz constantemente).
Cheguei lá, e naquele dado ano, as relíquias de Sta Maria Madalena estavam lá.
Quanta coisa para ver. Quanta coisa para experimentar. Quanta beleza naquele lugar! Jovens espalhados pelo gramado, inúmeros missionários trabalhando, abordando as pessoas que ali estavam, sem contar a leveza com que Deus nos envolvia através dos shows que aconteciam no palco.
Fiquei tão entusiasmada em ver aquele povo reunido, louvando, sorrindo, chorando, buscando a Deus. Quantos jovens em busca da mesma felicidade, que eu também buscava.
Engrandeceu-me ver aquela Comunidade tão ousada, tão cheia de Parresia, organizando aquele evento grandioso, ficando noites sem dormir, com o único intuito de nos fazer provar dessa fonte de alegria e de paz que é Cristo.

Para minha surpresa, ao voltar em 2008, o Halleluya já era centenas de vezes maior que aquele primeiro que eu fui. Agora, realizado no CEU (Condomínio Espiritual Uirapuru), impossível traduzir o que ali acontece, e a alegria em estar naquele lugar. 
Quantas pessoas, quanta coisa acontecendo simultaneamente: shows no palco; confissões, aconselhamentos, pregação, cursos, adoração na tenda da Misericórdia; lanchonetes; Halleluya Kids; sem contar os incansáveis discípulos de Deus evangelizando o povo que ali se encontra.
Mais impossível ainda é traduzir como foi enriquecedor servir ano passado nesse evento... poder ser uma formiguinha, dar tão pouco, mas de alguma forma poder contribuir para que aquelas pessoas tivessem a mesma experiência que eu tive.

Enfim, eu poderia ficar aqui horas partilhando a experiência de viver o Halleluya, mas quero mesmo é partilhar a alegria de ter em nossa Igreja um evento como esse, um momento onde podemos beber da beleza da nossa música católica, da arte expressa de tantas formas, e viver o que o Papa nos pediu.

À Comunidade Shalom, minha gratidão e admiração, por esses anos em que proporcionou a tantas pessoas experimentar de Deus, desfrutar do belo, entusiasmando-nos para enfrentar e vencer os desafios cruciais que se prefiguram no horizonte, ajudando-nos a optar por Cristo e a decidirmo-nos pela santidade.
 
Às pessoas que moram em Fortaleza, ou que têm a oportunidade de ir a esse evento que acontecerá de 21 a 25 de julho próximo, minha sugestão: não percam essa oportunidade!!!
Tantos lugares nos permitimos conhecer quando nossos amigos nos convidam, ainda que sem nenhuma garantia de que vamos gostar. 
É hora de nos permitir viver esse momento onde tantas graças são derramadas!
É preciso nos oportunizar viver momentos diferentes, que nos tragam real felicidade.

Tenho certeza, algo ficará de bom em você, mas infelizmente, eu não tenho como aqui expressar... eu precisaria ser artista para isso... kkkkk
Experimente! Vá ao Halleluya... e depois faça também sua partilha. ;-)

Moro em Belém, mas se Deus quiser, e providenciar, estarei lá esse ano novamente.

Feliz Halleluya!!! A força, que de fato, faz viver!!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010


"Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me façam ser o que não sou; não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre!"
(Clarice Lispector)

"Não espero acertar sempre". Sabedoria saber acolher e lidar com nossos limites, nossas imperfeições.
"Lidar consigo mesmo é trabalho de artesão", já diria a cantora.
Muito bom acolher quem somos, com nossas virtudes, nossos limites, nossas contradições... Quão libertador é! Melhor ainda é saber que não seremos sempre os mesmos, e que estamos, graças a Deus, em constante mudança. :-)
Somos mistério para o outro, mistério para nós mesmos. Mistério que eu desejo abandonar no mistério que é Deus.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O amor nos faz ser melhores

Acredito que o amor nos faz ser melhores...
Que o amor amplia nossa visão do mundo, das pessoas, a respeito de nós mesmos.

É como se o amor nos desse uma lupa, uma lente de aumento.
Passamos a ver detalhes, tão essenciais, que sem ele não tem como ver.
Para enxergar bem, para enxergar correto, tem que ser pela janela do amor, senão corremos o risco de olhar apressado, de olhar de qualquer jeito, de não reparar nos detalhes, e pela janela do amor isso não acontece, porque o amor se consome nos detalhes, é calmo, tranquilo, sabe esperar, sabe olhar sem pressa...

O amor é atento, pois precisa ouvir o que o outro fala sem dizer, mas que expressa em seus olhos, em seus atos.
O amor não nos prende, deixa livre, porque quer que alçemos vôo.
O amor nos desestabiliza da idéia que fazemos de nós mesmos, e nos ajuda a superar-nos, a ultrapassar-nos...

Acredito que o amor naturalmente nos faz ser melhores, nem tanto pelo que ele FAZ, mas sobretudo pelo que ele É.

Não consigo imaginar amor que não seja assim.
Claro, amamos de forma imperfeita, mas no interior de quem ama existe o desejo sincero de ser assim para o amado.
Tantas vezes nos equivocamos ao nomear como AMOR o que no fundo talvez nem seja...
Me recordo da Palavra que diz: "Conhecemos a árvore pelos frutos".
Acho que é isso... Conhecemos se é amor pelos frutos, pelo que gera em nós.

Por isso não tem melhor definição para Deus senão: AMOR.
De fato, Ele é o próprio Amor.
O amor que nos faz melhores.
O amor que nos faz enxergar.
O amor que nos faz amar.
O amor que é verdade, que é vida.
O amor que é constante, e que independente do que façamos, não muda. Sim, Deus não muda, permanece sempre o mesmo e sendo sempre o mesmo Amor para nós.
O amor que nos olha com calma, com zelo.
O amor que é gratuito, que não pede nada, que se dá, porque só sabe se dar, e sempre mais se dá, se dá... se consome por nós, afinal, já diria Sto Agostinho: “A medida do amor é amar sem medida”.

Cristo... esse Amor que não nos rouba nada, não nos tira nada.
“Não tenhais medos! Abri, antes, escancarai as portas a Cristo! Quem deixa entrar Cristo, não perde nada, nada – absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande”. (Papa Bento XVI)

Deus... o Amor onde eu quero mergulhar sempre mais...  para provar do amor, para aprender do amor, para ser amor, para viver de amor.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Eu necessito de ti!!!

Estava aqui pensando o quanto é difícil reconhecer-nos necessitados, limitados...

Muitas coisas estão aí para nos dar "liberdade", autonomia, e nos libertar da dependência de pessoas, de coisas, etc. As coisas vão se tornando mais práticas, os lanches vão ficando mais rápidos, as comidas em 2 min ficam prontas no microondas para não precisarmos de nada... para que tudo seja prático, rápido, e pouco exigente.
Claro, muitas dessas coisas otimizam nosso tempo e podem contribuir bastante para nosso dia a dia se soubermos utilizá-las.
Uma coisa que me intriga há algum tempo é a quantidade de pessoas que procuram um concurso por causa da tal estabilidade, da tal segurança, ainda que sejam em áreas e funções que elas jamais sonharam. Sonhar?! Algumas nem sabem bem o que sonham ou sonhariam... querem mesmo é a segurança e a certeza de um cargo, de um dinheiro que as dará autonomia e que as fará não depender de nada nem ninguém... Mas isso é uma conversa longa que outra dia exploro mais... ;-)

Eu também já primei muito pela minha liberdade, pela autonomia de poder ir e vir, e fazer o que eu quisesse.
Mas hoje.... quando olho para Jesus e percebo que pouco ou nada sei de mim ou da vida, vou vendo a graça de poder depender Dele, de dizer "Nada sou sem Ti".

Num tempo em que queremos ser os melhores, em que lutamos para saber muito, ter muito, que loucura pensar na experiência de olhar para um Deus e dizer: "Nada sou sem Ti".

Por que Deus precisa disso? Ele não precisa... Nós precisamos.
Nós precisamos recordar que somos filhos, que temos um Pai que provê a nossa vida, nossas necessidades, e SEMPRE nos dá o melhor.
Precisamos nos recordar que existe um lugar, um ombro onde podemos depositar nossos fardos, onde podemos "ser nada", descansar nossa limitação, entregar o que não somos e não sabemos, onde nada nos é exigido, e onde gratuitamente Tudo nos é dado.
Precisamos tanto fazer a experiência de deitar no seu colo... de ouvir o som do Seu coração, de conhecer o que passa lá dentro, de dormir embalado por Suas histórias, de saber como Ele enxerga a vida, a nossa vida... 

Quando falo "Nada sou sem Ti" não é porque não somos nada, até porque custamos uma vida, a vida de Cristo, valemos muito, e Ele nos fez Imagem e Semelhança Sua. Somos tanto para Deus! Mas falo isso porque ao deitar em Seu colo, ao perceber a forma como Ele enxerga, ao provar desse olhar, dessa voz, ao mergulhar nesse infinito de amor, bondade, eternidade, vou percebendo quão rasa é minha vida, minha forma de vivê-la, vou reconhecendo minha pequenez e logo me deparo na necessidade que eu tenho de ter esse Homem em minha vida, pertinho de mim, para que eu possa sair da margem e ter uma vida profunda e com traços de eternidade, que eu tanto desejo!

Mas percebo que mesmo fazendo essa doce experiência de reconhecer-me necessitada, ainda assim um orgulho, uma vaidade aqui dentro parece insistir em resistir ser pequena, reconhecê-Lo como necessário e fundamental para minha vida. Minha razão tantas vezes reconhece, mas meus atos... ah meus atos... tantas vezes são tão contraditórios a essa verdade que eu já encontrei: "Nada sou sem Ele".

Minha vida é tão melhor quando provo do TUDO que é Deus.
Esse Homem trouxe para mim a profundidade que eu tanto sonhava.
Me recordo que desde criança, eu não suportava, literalmente, ficar na beira da praia. Mesmo sendo tão pequenina, eu sempre gostei de ir lá pro fundo do mar... onde eu não dava pé... kkkkkkk. E assim é até hoje.
Queria estar lá onde minha limitação era ultrapassada. Queria mais, sempre querendo mais!
Sempre amei aventuras, e vou percebendo que o que eu amo mesmo é a sensação de liberdade que elas me geram, a impressão de que meus limites, meus medos foram ultrapassados e aquele gosto de que posso mais, muito mais, é sempre tão bom!!!

Com Jesus é assim! Jesus tem essa capacidade de nos tirar do raso, da margem...
O Evangelho de ontem fala disso... Jesus é aquele Homem que quando Pedro já está cansado, sem esperanças, Jesus vai, entra na barca, o convida a tentar denovo, e faz Pedro provar da tal Pesca Milagrosa.

Quantas pescas milagrosas Deus nos quer fazer provar?
A quantas águas profundas Deus nos levaria se soltássemos o que nos prende, se largássemos nossas falsas seguranças, se saíssemos da margem e O permitissemos entrar em nossa barca e nos levar a alto mar?

É mais fácil estar na margem... mais seguro, mais firme, e fica mais no nosso comando, no nosso controle, no controle da nossa auto suficiência tão boba.

Ahhh Jesus, dai-nos a graça de olhar para Ti e de esse olhar nos atrair e nos mostrar que vale a pena sair da margem, que vale a pena confiar em Ti, que vale a pena depender de Ti para nossa pesca ser boa!
Ensina-nos Jesus a perdermo-nos em Ti... e assim nos encontrarmos... encontrarmos a eternidade que está guardada dentro de cada um de nós, o desejo pelo céu, pelo que não passa, que todos nós temos.
Retira-nos de nós mesmos!
Retira-nos da segurança de ter controle de nossa vida. Ensina-nos a como Maria dizer: "Eis aqui a serva do Senhor, faça em mim segundo a Vossa Palavra".
Faz-nos servos... servos por amor... que amam seu Senhor e por isso confiam seus dias, seu futuro, seus planos, sua vida ao seu Senhor, ao Seu Amado, a Ti meu Jesus.

Hoje com alegria eu digo: EU NECESSITO MUUUUUUUUUUUUITO DE TI MEU BOM JESUS!
Necessito de ti para sair da margem, para sair de mim mesma, para mergulhar no profundo do teu coração, na eternidade do Teu olhar, na Verdade do Teu amor... para ser mais feliz, para ser mais eu, para ser mais Tu...
Eu preciso de Ti meu bom Deus para ver o mundo melhor, para olhar para tudo ao meu redor, para olhar para as pessoas, para olhar para mim, para olhar meu irmão, porque enxergando a partir de ti tudo é tão mais belo!
Eu necessito de Ti para lidar com os desafios, para superar as tempestades, para ter esperanças, para não desistir, para bem viver as alegrias, para começar e recomeçar quantas vezes preciso for.
Eu necessito de Ti Jesus para acordar amanhã, para extrair alegria de cada dia, para não deixar a vida passar de qualquer jeito, e para que eu não passe de qualquer jeito por ela.
Eu necessito de Ti Jesus para mudar o que sou, e me ensinar a ser o que minha essência pede... para ser bondade, para ser amor, para ser perdão, para ser cristã.

Ensina-me Senhor a depender de Ti, e assim eu encontrar a liberdade e a felicidade que há em depender de Ti!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Saudades

Coisa boa sentir saudades...
Saudades de uma presença que te faz bem.
Saudades de um sorriso que abrilhanta o seu.
Saudades de um olhar que alcança um lugar que poucos alcançam.
Saudades de um abraço que ajuda a descansar.
Coisa boa perceber que dentre tantas pessoas, tantos lugares, existem aquelas que te marcam de uma forma mais intensa e mais concreta. Pessoas que não estão em nossa vida para passar, por uma estação apenas, mas que nosso coração elege e quer que permaneçam sempre ali nas mais diversas estações da vida.

Interessante perceber o movimento do nosso coração que misteriosamente fica em alguns, e que dá um lugar privilegiado a eles, sem explicação, simplesmente porque amou... até porque acredito que é próprio do amor não saber explicar porque ama, porque quer se dar de forma mais pura e mais concreta do que a outros.. simplesmente ama, elege, e o torna diferente de outros. Ama-se porque o coração quis assim, e na decisão livre de cada dia, amamos mais, amamos em atos, vamos nos compremetendo e o amor vai se fortalecendo e se eternizando.

Algumas pessoas ecoam em nós... A voz delas, a vida delas faz sentido dentro de nós.
Aquela vida parece a nossa também; a dor, a alegria, a história dela perpassa pela nossa, tem importância para nós.
Alguns parecem que já nos conhecem há anos, e seguramente nosso coração se dá, se lança, ainda que a única segurança seja o querer se dar. Ele se dá não porque está seguro, mas acho que no fundo porque não saberia fazer diferente.
A naturalidade do encontro e a tranquilidade do doar-se nos faz perceber que ali existe alguém diferente.

Como é bom perceber que em meio a tantas pessoas, num mundo tão corrido, num dia-a-dia por vezes tão barulhento, nosso coração descansa ao encontrar um outro que nos faz silenciar, que nos faz descansar, que nos faz ter paz, sem precisar fazer nada demais. 

Melhor ainda é quando nosso coração elegeu aquela pessoa porque Deus antes a elegeu para nós.
Deus que nos conhece e que definitivamente sabe o que é melhor para nós, sem aviso nos dá presentes, tesouros tão caros que reconhecemos de imediato que só Deus poderia nos dar algo tão grandioso. Nossa limitação não seria capaz de construir algo desse tamanho, desse valor. 
Hoje vou percebendo algumas pessoas que sem dúvida Deus as inseriu em minha vida. Pessoas que parecia que há muito tempo eu já conhecia... parece que só nos reconhecemos, como alguns dizem.

Existem pessoas que deixam saudades antes mesmo de partir;
que estão perto mesmo quando distantes;
que nos ouvem mesmo quando não falamos;
que são presença na nossa ausência, que lembram de nós no momento da Comunhão e nos unem a Deus, nos fazendo ser alcançados pelo "beijo de Deus" quando nossa presença não se torna possível.
 
Hoje sinto saudades de um desses tesouros, de uma dessas pessoas em especial. 
Saudades do que sou quando a encontro, saudades da vida que ela gera em mim, saudades da naturalidade que move nossa amizade, nosso convívio. 
Saudades de sua presença horas silenciosa, horas cheia de vigor, horas simplesmente um olhar que fala sem precisar dizer, que expressa alegria, profundidade, carinho, verdade; mas acima de tudo saudades simplesmente de ter sua presença aqui. Para quê? Para nada... apenas para estar aqui, sendo simples, sendo comum, e nesse comum sendo alguém tão incomum para mim.

Coisa boa sentir saudades!
Coisa boa ter de quem sentir saudades!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Amar é emprestar sentido



"Amar é emprestar sentido"
(Pe. Airton Freire)

Empreste hoje sentido aos que você ama.
Dê aos que você ama motivos para continuar,
motivos para não parar,
motivos para seguir até o fim.

Empreste a eles o sentido de perdoar, de amar, de recomeçar.
Recorde-os do lugar para onde se deve caminhar.
Recorde-os do alvo, de onde se quer chegar;
do quanto vale a pena persistir,
ou mesmo mudar a direção...
 
Acredito que não é tanto o quanto dói ou o quanto algo faz bem que importa. Importa mesmo é o sentido daquela dor, ou daquela alegria.
Se encontrarmos sentido, mesmo na dor, a enfrentamos tranquilamente, porque sabemos do sentido que ela tem.

Por que uma mãe fica uma noite inteira acordada quando o seu filho está doente, sem se queixar? 
Porque aquilo tem um sentido para ela... O filho que ela muito ama está doente, precisa dela, e sem que ninguém precise pedir ela está lá disposta a passar a noite em claro para cuidar do filho.
Acredito que muitas coisas poderiam ser melhor vividas se encontrássemos sentido naquilo.

Qual o sentido de prosseguir?
Qual o sentido de não desistir?
Em qual lugar quero chegar?
Qual lugar me espera?
Qual o sentido das renúncias que eu preciso fazer?
Qual o sentido das coisas que preciso enfrentar,
das mudanças que preciso buscar?

Que bela frase do Padre Airton!
Desejo muito emprestar sentido aos meus... quando lhes faltar.
Desejo sempre encontrar sentido no que vivo, no que busco, no acordar e no dormir.